Água e população mundial
A água potável de boa qualidade é fundamental para a saúde e o bem estar humano. Entretanto, a maioria da população mundial ainda não tem acesso a este bem essencial. Mais do que isto, existem estudos que apontam para uma escassez cada vez mais acentuada de água para a produção de alimentos, desenvolvimento econômico e proteção de ecossistemas naturais. Para exercer tais atividades, especialistas estimam que o consumo mínimo de água per capita deva ser de pelo menos 1000 m 3 por ano. Cerca de 26 países, em sua maioria localizados no continente africano, já se encontram abaixo deste valor. Com o rápido crescimento populacional, acredita-se que inúmeras outras localidades deverão atingir esta categoria no futuro próximo. Várias regiões do planeta (Pequim, Cidade do México, Nova Deli e Recife, no Brasil) estão acima desse valor apenas devido à exploração de águas subterrâneas.
Valor econômico da água
Se, antigamente, a água não era computada como insumo ou fator de produção, hoje, encaminha-se para uma visão mais mercadológica, que vê a água como um produto, a ser comprado e vendido que é cobrado, tal proposta deve ressalvar os direitos dos mais pobres ao acesso à água. Uma gestão satisfatória cobra mais das indústrias e de quem usa a água como parte do seu ciclo econômico, do que daqueles que a usam para o consumo humano. A Lei 9433, dos Recursos Hídricos, já contempla esta proposição, bem como a política tarifária da Sabesp.
O aspecto econômico proporciona: aumento de vida média da população; diminuição da mortalidade em geral e, em particular, da infantil; redução de horas de trabalho perdidas com diversas doenças e desenvolvimento industrial, conduzindo, pelo progresso material, a elevação do padrão de vida da comunidade.
A escassez da água
De acordo com Tundisi (2003), em se mantendo essa rota de crescimento e conforme relatório da Unesco (2003), órgão responsável pelo Programa Mundial de Avaliação Hídrica, admite-se que:
−1/3 da população mundial habita áreas com estresse
hídrico;
−1,3 bilhão de pessoas não tem acesso a água potável e 2 bilhões não têm acesso a saneamento adequado;
E projeta-se:
−que em 2025, 2/3 da população humana estarão vivendo
em regiões com estresse de água. Em muitos países em desenvolvimento a pouca disponibilidade de água afetará o crescimento e a economia local e regional;
−que até 2050, quando 9,3 bilhões de pessoas devem habitar a Terra, entre 2 bilhões e 7 bilhões de pessoas não terão acesso
a água de qualidade, seja em casa, seja em comunidade. A diferença entre estes extremos depende das medidas adotadas pelos governos.
Estas projeções levam a crer que, se esta trajetória se mantiver,
o mundo pode chegar a um colapso em que o estresse hídrico, que hoje se restringe a apenas uma pequena parcela dos continentes, se estenda para outros pontos do planeta, fazendo com que a água deixe de ser considerada, unicamente, como um recurso natural e passe a ser entendida, cada vez mais, como um bem econômico essencial à vida, capaz de promover uma nova ordem mundial estabelecida a partir da posse deste recurso, pois como se verifica na Figura, parte da Europa e da África já vivenciam a escassez física de água, enquanto outras tantas experimentam a escassez econômica desse recurso. Essa escassez, ao se espraiar para outros países, pode ser “pomo de discórdia”, pois se existem guerras por causa de petróleo, em breve, o foco da disputa será a água, dessa forma, desperdiçar água, hoje, é ignorar o problema e desprezar o futuro, e preservá-la é construir um novo sustentáculo de crescimento e desenvolvimento.
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